Leilão do petróleo: E eu com isso?

Por Mery Gatto, executiva estadual da ANEL-SE

Desde a quinta-feira, dia 17 de outubro, quando foi declarada a greve de petroleiros, nós estudantes temos cumprido um papel muito importante na mobilização da categoria petroleira Brasil a fora. Acampamentos, atos, aulas públicas, piquetes, panfletagem, grande divulgação nas redes. Porém, a juventude, de todo, ainda não está completamente firme do momento histórico que estamos vivendo. Vou deixar alguns argumentos nos parágrafos seguintes.



Por que barrar estes leilões?

Esta é a maior greve de petroleiros desde a década de 90, com muitos elementos, fortes elementos. Muitos de nós não participaram das greves da época que questionavam a quebra do monopólio estatal da Petrobras (o monopólio era o direito de somente a Petrobras pesquisar e explorar o petróleo no Brasil) e que por isto pautava este recurso como nosso, como pertencente ao país para que crescesse e revertesse em 100% na melhoria direta da vida da população brasileira.

Eram greves que se enfrentavam com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que refletia uma política neoliberal, privatizante, e atacava aberta e claramente o direito dos trabalhadores. Ele, inclusive, sancionou leis que extinguiram cargos e realização de concursos públicos, que hoje são terceirizados. Inclusive, dentro da universidade mesmo, nós vemos cada vez mais serviços serem terceirizados (pois a terceirização é uma relação trabalhista frágil, que não permite um plano estável de vida, que além de por em risco a vida do trabalhador, facilita os assédios, perseguições e demissões) e nada de concurso público ser feito.

Hoje,o que não se esperava é que esta mesma prática, através dos leilões e do PL-4330 (que regulamenta a terceirização), fosse ser feita por um governo que se diz de esquerda e dos trabalhadores.

Leilão é privatização, sim

Esta é uma greve que agora coloca em xeque a política do governo Dilma que entrega por muito pouco a maior riqueza nacional já descoberta, por meio de tecnologia e pesquisa brasileiras, às mãos de multinacionais: o campo de Libra (SP). Nisso, o governo ainda tenta maquiar a prática com o discurso de que seus royalties (o imposto pago por essas multinacionais para explorarem o petróleo na região) vão ser destinados à saúde e à educação.

Na ponta do lápis, o que de fato vai ser destinado a essas áreas sociais é o equivalente 1,2% do PIB (produto interno bruto). O que nem resolve os problemas da educação e ainda entrega de bandeja um recurso energético esgotável que poderia ter sua exploração realizada e revertida integralmente para o desenvolvimento social do país.

Ainda há o que se chama de “desinvestimento”, que é a política da empresa em simplesmente parar sistematicamente de explorar petróleo em diversas áreas, gerando desemprego, contratação de terceirizadas caloteiras e profunda precarização do trabalho. Com a politica de desinvestimento, por exemplo, muitos dos trabalhadores das plataformas já são terceirizados, com acidentes diários,alto índice de invalidação e mortalidade. Não dá pra permitir uma coisa dessas!

Ainda há o que se chama de “desinvestimento”, que é a política da empresa em simplesmente parar sistematicamente de explorar petróleo em diversas áreas, gerando desemprego, contratação de terceirizadas caloteiras e profunda precarização do trabalho. Com a politica de desinvestimento, por exemplo, muitos dos trabalhadores das plataformas já são terceirizados, com acidentes diários,alto índice de invalidação e mortalidade. Não dá pra permitir uma coisa dessas!

A greve dos petroleiros no Brasil já dura 3 dias e é por tempo indeterminado
O leilão acontece nesta segunda-feira (21) no Rio de Janeiro e grandes atividades estão sendo organizadas pelos grevistas em todo Brasil, e, em solidariedade também por movimentos sociais, entidades e partidos políticos. Nós aqui da UFS, neste primeiro dia de aula, também precisamos ajudar os petroleiros nos fechamentos das unidades e na mobilização da categoria. É preciso ajudar a construir uma greve forte de trabalhadores para conscientizar a população sobre este leilão que é um dos maiores crimes de lesa-pátria e contra a soberania nacional já realizado nos últimos anos.

Encher as ruas de revolta!

Dia 21 de outubro, dia do leilão do campo de Libra (o maior campo de petróleo do pre-sal já descoberto no país), precisamos voltar às ruas. Todos estes ataques diretos e indiretos aos nossos direitos só nos enchem de revolta, e é preciso organizar esse sentimento. Convido você que está lendo a não ficar parado e agir! Precisamos mover também nossos amigos para participar do ato que vai acontecer na Petrobras da rua Acre a partir das 7h.

O leilão de Libra não pode passar e essa luta é nossa também. Devemos resistir até o último minuto, lado a lado com os trabalhadores e trabalhadoras da Petrobras, também por uma Petrobras 100% estatal, por recursos de fato para educação, para saúde, por emprego, por moradia, por transporte.

A ANEL Sergipe tem participado de todas as atividades junto ao Sindipetro-AL/SE, desde a quinta-feira, pois entendemos que esta é uma luta por vida digna para a classe trabalhadora e seus filhos e filhas. Precisamos organizar os estudantes para darem peso nesse momento, especialmente no dia 21, e construírem a História junto conosco. Uma entidade combativa e classista, que nunca arredou pé da luta. Vamos barrar este ataque. Vamos barrar os leilões!

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