AONDE VAI O DCE-UFS?

Na manhã desta terça-feira, 25, o governador Jackson Barreto recebeu a presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Sergipe, Jessy Daiane Silva Santos e o secretário-geral, Celso Aquino. Eles trouxeram uma reivindicação visando apoio do Governo do Estado para a realização da Calourada, tradicional evento para recepcionar os novos alunos.


Essa notícia breve e fatídica nos pôs a avaliar estes meses da gestão “É Preciso Acordar”, eleita para o DCE-UFS no ano passado.



Faz pouco mais de dois meses que a gestão “É preciso acordar” assumiu o Diretório Central dos Estudantes na UFS, em 15 de janeiro. Nesse período, a direção do DCE já participou de três reuniões em gabinetes – das quais muitas vezes o conjunto dos estudantes só fica sabendo através da imprensa oficial. Por outro lado, nenhuma reunião com as representações (CAs e DAs) ou mesmo com os estudantes independentes foi realizada para ouvir as necessidades de seus cursos. Assim, faz-se extremamente necessário pensar a quem servirá a atual gestão do DCE.

Nesse curto período de gestão – que poderia até ser usado como justificativa para não organizar uma reunião – já foram realizadas duas festas, e a terceira já está sendo preparada para o retorno às aulas. Reconhecemos a importância destes espaços culturais, mas estes não podem ser colocados acima da mobilização política, muito menos em uma universidade onde o movimento estudantil foi freado durante cinco anos pela antiga gestão do DCE.

#CEBJÁ!

O Conselho de Entidades de Base é um dos espaços que mais acumulam a realidade dos cursos através dos centros acadêmicos. É nele que as representações eleitas colocam problemáticas, iniciativas e avaliam a conjuntura da educação e da universidade a fim de intervirem diretamente nela. Isto não pode ser secundarizado. Não pode ser substituído por reuniões pontuais com representantes, isolados das lutas que pipocam na universidade. Precisam ser incorporadas ao calendário de mobilizações, que envolva e integre toda a comunidade acadêmica, para ganhar os estudantes para um outro projeto de educação e um novo movimento estudantil – livre das práticas da cooptação e da dependência política e financeira de governos e reitorias.

UM OUTRO PROJETO DE EDUCAÇÃO

A ANEL acredita que a educação deve ser balizada nas demandas da classe trabalhadora (e não das empresas) e que, para tanto, deve ser emancipadora, pública, gratuita, de qualidade, com investimento, com garantias de acesso e permanência, com cotas, com ampliação e interiorização consequente, interação com a comunidade, segurança, restaurantes, boas bibliotecas, casas de estudante etc. Tudo isto é bem o oposto do que temos visto ser aplicado pelos governos, e mais ainda, um projeto sucateante defendido por muitas das organizações que compõem a atual gestão do DCE-UFS.


ANEL presente no encontro "Na Copa vai ter luta!" ao lado dos trabalhadores mobilizados por todo o país.


Defendemos um projeto de educação diferente e por isso travamos lutas diferentes das dos companheiros da gestão “É Preciso Acordar”, que realizam acordos limitados e perigosos, como foi o caso do acordo da universidade com a PM para fazer a segurança externa do campus de Laranjeiras (ver nossa nota aqui). O DCE ainda isolou essa luta do conjunto dos estudantes, canalizando a mobilização do campus para dentro dos gabinetes. O movimento avança quando cada estudante percebe que a luta de um curso, de um setor ou de um campus é abraçada como sua!

DEPENDÊNCIA DOS GOVERNOS E DE PARLAMENTARES

É com essa última notícia, a da reunião da gestão “É Preciso Acordar” com o governador do estado Jackson Barreto (PMDB), que já é possível apontar para onde vai o DCE da UFS. Em um giro para dentro dos gabinetes a direção do DCE da UNE vem se descolando dos estudantes para atuar independente destes, mas junto aos governos contra os quais fomos às ruas em junho passado.

A independência dos governos, reitorias e partidos é PRINCÍPIO inalienável da nossa entidade, a Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre. Nosso único compromisso é com os estudantes, que formulam e votam a política da ANEL, bem como a sustentam financeiramente. O “quem paga a banda escolhe a música” nunca se mostrou tão literal. O governo do PMDB quer financiar, com o aval e solicitação do Diretório Central querem “recepcionar” os calouros com uma Calourada.

Quantas amarras estão sendo construídas com essa coligação, que mostrarão suas limitações com os enfrentamentos que nós estudantes devemos fazer com este governo? Um governo de direita que, por exemplo, coaduna com Dilma no descaso da educação pública e da política para mulheres (que investe R$0,26 por mulher). Um governo que não é nosso, que não é dos e para os trabalhadores, que governa para construtoras e grandes empreiteiras, que não pauta o passe livre na capital, entre outras bizarrices.

A gestão do DCE aponta para uma verdadeira dependência política e financeira dos governos e do aval de reitorias. Também aposta em parlamentares ligados aos grupos políticos que compõem sua gestão (como a Consulta Popular e o PT), se utiliza de seu aparato para construir o Plebiscito Popular pela Reforma Política, apoiando este amplo projeto do governo federal que consiste em desviar todas as mobilizações que ascenderam em junho, julho e agosto de 2013 para algo que não vai mudar a realidade dos brasileiros – pelo contrário, só ilude.

Enquanto a juventude e os trabalhadores afirmam que na Copa vai ter luta, através do DCE, o Levante Popular e a juventude do PT tentam nos distrair das injustiças da Copa, do consequente incentivo ao turismo sexual que ela traz, das desocupações de moradia e dos povos originários, das privatizações, do investimento público que privilegia a realização de um megaevento frente à precariedade em saúde, educação, transporte e moradia, do enriquecimento dos grandes bancos e corporações que em nada mudarão a realidade da juventude, da classe trabalhadora da cidade e do campo.

O DCE-UFS inicia sua gestão assumindo um posicionamento governista que distancia da efetiva mobilização estudantil, a qual não compactua com este tipo de “prática de gabinete”. Entendemos que deste modo desrespeitoso o DCE desmerece o movimento estudantil da UFS, que penou sob os 5 anos da governista UJS, a ponto de igualarem-se em muitas medidas a este grupo que representa o que há de mais sujo no seio dos estudantes e vendeu a UNE, junto com o PT.

Chamamos os estudantes da UFS à reflexão sobre essas práticas, sobre o real sentido da mobilização de base e da representatividade. Chamamos os estudantes a buscarem alternativas combativas para o movimento estudantil, que seja desatrelado do governo, independente financeiramente, que combata o machismo, racismo, homofobia, a criminalização dos movimentos sociais, que esteja sempre nas ruas e sempre colado às lutas da classe trabalhadora. O que principia as mobilizações da ANEL!

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